Seria muito difícil tentar falar da Itália, de seu povo e de sua cultura sem mencionar a grande onda migratória que aconteceu, sobretudo entre 1870 e 1970.
Durante 100 anos, muitos italianos deixaram a terra de origem e foram viver em outros países, entre eles o Brasil que recebeu milhões de imigrantes.
Estima-se que hoje no Brasil existam 30 milhões de descendentes de italianos, dos quais 40% são originários da região do Veneto, que compreende as Províncias de Rovigo, Treviso, Padova, Vicenza, Verona e Veneza.
Os italianos levaram consigo sua cultura, refletida nos hábitos alimentares, costumes e principalmente na língua, que até hoje é falada em muitos lugares no Brasil. O talian é uma língua de origem vêneta, amplamente difundida principalmente nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná.
No início do movimento migratório, a língua italiana (tal qual a conhecemos hoje), havia sido recém oficializada. Muitas pessoas não sabiam ler e escrever e a forma eficaz de comunicação eram os dialetos. O talian sobreviveu como elemento cultural e de identidade de um povo que se reconhecia pela língua de origem.
A Itália estava em crise, causada também pela recente unificação. O governo brasileiro via nos imigrantes europeus uma ótima oportunidade de mão de obra para colonizar as terras e torná-las produtivas. Era também uma forma de "branquear" a população negra que começou a se tornar numerosa no Brasil depois de 13 de maio de 1888.*
A oferta parecia maravilhosa. Cartazes eram fixados nas cidades italianas convidando as pessoas a conhecerem a Mérica. Havia promessa de terras e melhores condições de vida, clima tropical e abundância. Trabalho independente e propriedades, terras férteis, assistência sanitária e educação.
Foram muitos os italianos que venderam tudo o que tinham para comprar os bilhetes de uma viagem só de ida. Abandonaram a terra natal como única alternativa para a sobrevivência.
O barco a vapor levava em torno de 40 dias para atravessar o oceano e quase nada do que foi prometido havia de fato. La Sofia foi o primeiro navio a chegar em terras brasileiras. Atracou no Espírito Santo em 21 de fevereiro de 1874.**
Na Mérica os imigrantes encontraram terras a serem desbravadas, passaram fome e frio. Construíram estradas, ferrovias, casas, igrejas. Plantaram e colheram muitos produtos. Deram ao Brasil uma contribuição preciosa, com suas competências e capacidades profissionais.
Deixaram aos descendentes um legado sólido, histórias familiares que se misturam nas culturas italiana e brasileira e que pertencem aos dois mundos.
Se hoje podemos ter a dupla cidadania, devemos essa conquista a eles!
Se você quer mais informações a respeito do processo de reconhecimento da cidadania italiana entre em contato conosco pelo email: contato@prontodocumentos.com
* Giogia Miazzo, Le grandi migrazioni - dal nord Italia as Brasile (2016).
**Segundo o historiador Paulo Vendelino Kons, a primeira imigração italiana teria ocorrido em 1836 em São João Batista, Santa Catarina - Colônia Nova Itália, fundada por 132 imigrantes chegados da Sardenha.
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